Em 1738 John Wesley pregaria a solidariedade cristã dando início à Fé Metodista

24/05/2012 10:00

 

No dia 24 de maio de 1738, o padre anglicano John Wesley sentiu seu coração estranhamente aquecido no curso de uma reunião de orações. Desta experiência iria nascer a Igreja Metodista, à época, a Inglaterra vivia uma profunda crise social.

Operários e mineiros trabalhando 16 horas por dia por um salário de fome. Crianças em idade escolar, trabalhando feridas e morrendo de frio. Isso tudo ao mesmo tempo em que uma casta de nobres detinha os meios de produção e o controle sobre a massa de trabalhadores.

Nesse contexto surgiu o Movimento Metodista, quando um grupo de estudantes da Universidade de Oxford, sob a liderança dos irmãos John e Carlos Wesley, passaram a se reunir para o cultivo da piedade cristã, por meio da leitura da Bíblia, da prática da oração, do jejum, da visita aos presos e aos enfermos.

John Wesley fundou o Metodismo com o intuito de fortalecer e renovar o espírito cristão daqueles que comungavam a religião oficial Anglicana. O grupo, conhecido inicialmente como "Clube Santo", marcou sua identidade por seus rituais de fé. Dias fixos para praticar o jejum, hora certa para a leitura da Bíblia, e visitas rigorosas aos presos. Devido a essa organização, o grupo foi intitulado de Metodista, isto é, aqueles que têm método.

Comprometido com os fundamentos da fé cristã, Wesley dedicou todos os dias de sua vida aos estudos da Bíblia, relacionando-os a sua própria experiência com Cristo. Por isso sua teologia é uma experiência de Deus, antes de um "entendimento" de Deus.

Costumava dizer que "o evangelho de Cristo não conhece religião que não seja religião social; Não conhece santidade, que não seja santidade social". Wesley tentou sempre exercer na prática o que dizia. Esse compromisso o levou a renunciar aos poucos trocados que tinha para se aquecer no inverno a fim de pagar uma professora que atendia crianças de rua.

Registrou em seu diário, na data de 24 de maio de 1738, a experiência mística de ter seu coração estranhamente aquecido, ou seja, uma manifestação emocional sinalizadora de sua comunhão com Deus. Essa data tem servido como referência para os metodistas, em geral, por demonstrar que a integração entre religiosidade individual e desenvolvimento de ações concretas na sociedade é entendida como a proposta de Deus para sua Igreja.

O envolvimento do metodismo com as questões relevantes da sociedade é uma marca que o acompanha desde o início. A humanização dos presídios, o combate à escravidão, a luta por salários dignos para os operários, o fornecimento de ensino básico para as crianças pobres, tudo isso distinguiu os metodistas quando ocorreu a primeira Revolução Industrial na Inglaterra.

Por ter surgido num ambiente universitário, o metodismo compreendeu cedo a importância de se promover a educação como instrumento para a melhoria da qualidade de vida, tanto do indivíduo quanto da sociedade. É assim que, em 1748, Wesley fundou a Kingswood School, a primeira expressão formal metodista no atendimento das necessidades educacionais das crianças.

Várias famílias que se instalaram nas 13 Colônias da América do Norte trouxeram junto de si os valores do metodismo. Quando os EUA conquistaram sua independência política, acharam por bem se desvincular da chefia religiosa exercida pelo monarca britânico. Assim foi criada a Igreja Metodista Episcopal, em 1784. Na Inglaterra, somente após a morte de Wesley é que o metodismo se constitui como denominação independente da Igreja Anglicana.

Os primeiros metodistas que vieram para o Brasil foram os missionários norte-americanos Fountain Pitts, em 1835, e Justin Spaulding, em 1836. No entanto, essa primeira tentativa não foi coroada com o sucesso. Somente a partir de 1867, com novos missionários, é que conseguiu se expandir, em especial no campo da educação.

Fonte Opera Mundi