A opção de Dilma em não perdoar - parte 1

24/06/2012 04:12

Quarenta anos depois de ter sido presa e torturada, Dilma Rouseff, do alto de sua cadeira de presidente (ou presidenta, como ela prefere) da República brasileira, resumiu seus sentimentos em relação aos que a feriram:
-- Com o passar dos anos, uma das melhores coisas que me aconteceu foi não me deixar fixar nas pessoas e nem ter por elas qualquer sentimento, nem ódio nem vingança, mas também tampouco perdão. Não há sentimento que se justifique contra esse tipo de ato. Há a frieza da razão.


A titular do Palácio do Planalto, que também pontificou que "vingar, se magoar ou odiar é ficar dependente de quem se quer odiar e vingar", lança mão do recurso da razão para enfrentar a força da emoção.

Deve ser respeitada. Quem sofre tem o direito de dar a resposta que quiser à sua dor. Não precisa do peso adicional de uma reprovação.


Quanto ao perdão, a palavra impõe uma reflexão.

De fato, muitos o reprovam, entendendo que sua concessão estimula a violência. Os torturadores, por exemplo, gostariam de ser perdoados.
Outros consideram-no uma fraqueza inventada pelo Cristianismo. Neste caso, quem perdoa abafa a razão de sua raiva, ao ter sido agredido.
Precisamos, então, por falar do perdão na perspectiva cristã.
Ele foi ensinado e vivido por Jesus. Na oração que ensinou, propôs que peçamos a Deus que nos perdoe do mesmo modo como perdoamos os que nos ferem. Perguntado sobre quantas vezes devemos perdoar, preferiu responder com uma hipérbole. Perto da morte, meditando sobre a crueldade de que foi alvo, inocente sendo e coerente com o que pregou, pediu a Deus que perdoasse seus algozes.
Se o verbo amar comporta variáveis, o verbo perdoar é absolutamente objetivo. 
Quem admira (como mestre) ou adora (como Salvador) a Jesus tem diante de si, quando magoado, o estreito caminho do perdão, o mesmo caminho percorrido por ele. [CONTINUA]


ISRAEL BELO DE AZEVEDO

Fonte Prazer da Palavra